segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Começando a escrever



A primeira vez que tive vontade de escrever de maneira espontânea foi por volta dos 12 anos. Eu começara a sentir vontade de deixar registrado em algum lugar meus pensamentos e minhas dúvidas sobre tudo o que vivia. Na escola era obrigado a ter um diário para treinar a escrita e eu desde cedo sempre quis ser do contra. Fazia de uma má vontade incrível, pois segundo minha visão não seria um espaço privativo, já que a professora leria alguns dias nossas produções e eu perderia a minha privacidade na escrita. Não queria descrever como foi meu dia, queria escrever sobre o que pensava das pessoas, da minha vontade recorrente de morar no Rio de Janeiro, queria falar de como era puto com "decorebas" na escola e por quantas meninas eu era apaixonado e queria me declarar.  Enfim, perdi uma grande oportunidade desde aquela época. 

Por volta dos 18 anos comecei a escrever algumas notas antes de viver momentos importantes. Antes de me declarar para alguma "paixonite", antes de prestar vestibular e sempre que voltava de férias do Rio para Brasília. A partir dos 20 anos os escritos aumentaram. Com um turbilhão de informações em meio à entrada no campo profissional, escrevia sobre os sonhos na carreira, as dúvidas entre namorar e comprar uma bicicleta e questionava as relações, os comportamentos das pessoas em geral.

Aos 25, após ler uma série de blogs de outras pessoas que relatavam seus inconformismos com a vida e  dividiam seus pensamentos soltos, montei um blog. Escrevia e não divulgava a ninguém. Queria apenas testar  como era escrever de forma descompromissada e arquivar aquilo em memórias. Um ano mais tarde comecei a escrever para as pessoas lerem. Era uma escrita de um personagem que tinha muito de mim. Fazia uma escrita ranzinza, intolerante com muita coisa. A escrita era muitas vezes ácida e os palavrões preenchiam as minhas revoltas com muita coisa que não concordava do dia a dia. Me divertia com as produções.

Mas com o tempo perdi o tesão de escrever assim. Me incomodei por ser um personagem do que eu, notei que estava preso num estilo de escrita e eu mesmo já havia mudado como pessoa em muita coisa do que havia escrito. Dei um tempo, tentei voltar, mas já não era a mesma coisa. E como a escrita pra minha pessoa sempre foi uma questão de buscar prazer e ser espontâneo, deixei a vontade de voltar a escrever me contaminar até que chegou o momento de criar esse espaço para me reinventar.

Não sou escritor, não domino completamente as boas regras da língua portuguesa e não tenho a intenção de fazer as melhores e mais sensatas avaliações sobre a vida. Quero apenas escrever sobre o que penso de muita coisa que vejo. Hoje, beirando os 34 anos, sinto aquela vontade dos meus 12 anos de deixar meus registros, de questionar as situações do dia a dia e de por à prova o que acredito com o que vivo.

Existe uma frase que eu gosto bastante de Immanuel Kant que diz: "Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar."

Quero desafiar minha inteligência por aqui e dividir as incertezas, que antes me incomodavam e que hoje me dão a confirmação de que são elas que me motivam a tentar ser melhor.

É mais um início, mais um ciclo, mais um desafio, mais uma incerteza sendo criada.

Quero ver o quanto suportarei essa e por quanto tempo. Valendo a partir de agora...


RL

4 comentários:

  1. Muito bom. Escreva sempre, você é uma pessoa com uma percepção aguçada sobre nossa sociedade e seu senso crítico faz muito bem pra mim.
    E é claro que eu vou querer acompanhar.

    ;)

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  2. Deixe comigo,Dona Aline. Missão dada é missão cumprida.

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  3. Escrever é um pouco de tudo... um pouco de si, um pouco do outro, um pouco verdade, um pouco ilusão, um pouco relato, um pouco imaginação... Escrever é ter asas que nos fazem ir além... além de nós mesmos... daquilo que imaginamos ser... daquilo que os outros imaginam de nós... a interpretação tem dessas coisas... e os outros às vezes não entendem nem o que queríamos dizer... é a vida! ;)

    "Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."

    Clarice Lispector

    Obrigada pelo convite, RL! Bjs

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  4. Sensacional! Vamos dominar o mundo... mesmo sem querer!
    Abraços!

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