sábado, 16 de fevereiro de 2013

Menos 60 minutos


Pronto, acabou de acabar. São 23 horas já com o atraso de 60 minutos.
A partir deste momento uma caralhada de gente vai soltar: "Ufa! Até que enfim o horário de verão acabou!"
Vão falar que enfim recuperaram seus horários de sono, que dá pra reorganizar agora seu relógio biológico, que o fotoperíodo do caralho a quatro vai diminuir...enfim... sempre esses comentários de um lado. 

Escrever o quê?

Do outro..estou eu e mais alguns. Alguns tantos que preferem acordar com o não claro do que com sol na cara. Os que curtem ver chegar as 18 horas, olhar o sol ainda na janela e pensar em fazer algo interessante(ir a praia pra quem tá no litoral) naquele mesmo dia. Alguns que sentem que este horário te faz bem, te dá mais energia, te dá a sensação de aproveitar melhor a vida. Eu pelo menos tenho esse horário muito marcado pela lembrança das minhas férias, de uma vida mais agitada. Pode ser que seja apenas uma mera lamentação de alguém com síndrome de Peter Pan e que não tem filhos, e por isso não saiba o sufoco que é levantar a meninada da cama. 

Pode ser um monte de outras coisas. Eu entendo, existe opinião e gosto pra tudo. E eu hoje em dia aceito tranquilamente. Só o que me emputece é aquela galera que paga de "normal", como se quem gostasse de horário de verão fosse um vagabundo, que não leva a vida a sério ou que seja um desajustado. É uma galera que vive de máximas. É um mesmo tipo de pessoal que fala do pôr do sol de Brasília como se fosse o único no mundo diferenciado de tudo. Eu acho muito maneiro o pôr do sol daqui e você? Mas adoraria conhecer de outros lugares. Sou um pecador por dizer isso? Nós, que moramos em Brasília, somos os "escolhidos", é isso? 

"Não tenho mar, mas tenho o pôr do Sol de Brasília."
Ouço isso e tenho de ficar calado. Parece que só pode existir um dos dois. Tranquilo.


Eles estão "certos" porque vivem no horário "certo" 8 meses e eu 4? Não penso assim. Eu sinceramente lamento mesmo. Quando acaba o horário de verão fico até meio deprê. Hoje fiz o que na maioria das vezes faço quando é o último dia do horário.Vou pra rua, tento curtir o dia de uma forma que eu possa me despedir do sol naquela hora. Dou um até logo e marco um reencontro para outubro. Como fiz minha vida inteira com meus amigos do Rio quando vinha pra Brasília voltar a rotina de estudos.

Eu lamento pra caramba o fim desse horário. E sei que outros tantos se aliviam. Só não me venha com esse papo de que voltou ao normal da vida.  O normal é muito relativo. Agora mesmo o meu normal acaba de se tornar anormal e levará 8 meses para se reencontrar com o que digo ser o certo, o normal.

Fiquem felizes por aí que eu me organizo pelos próximos meses daqui. Cada um acredita na sua verdade e eu acredito na minha que o bom mesmo seria se fossem 3 horas a mais. Poder em outubro, novembro e dezembro ver o sol nascer no meu horário de lanche no trabalho as 9h e em janeiro poder dar um mergulho no mar com aquele sol maneiro se pondo lá pelas 21h.

Cada um com sua opinião. Segue a vida.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Férias e Carnaval sem Rio.





Uma das grandes paixões da minha vida sempre foi o samba. Como um bom carioca deve ser, sou completamente apaixonado por samba e cresci me acostumando a passar o ano inteiro em Brasília estudando para no fim do ano poder curtir de 2 a 3 meses de férias, Rio e samba. Essa era minha vida e em um momento eu achei que seria assim pra sempre. E o momento ápice do samba sempre foi o carnaval. Quantas e quantas vezes voltei para Brasília com o choro engasgado na garganta e pensando se era mesmo a vida que eu queria levar. 

Portanto o carnaval sempre teve um valor na minha vida. É da minha criação aproveitar o carnaval. Não era daqueles que tirava a época do carnaval pra "me acabar". Apenas curtia o que deveria ser curtido. O Rio de Janeiro sempre teve esse papel na minha vida de recarregar minhas energias, me mostrar de onde vim, quem sou e recuperar as forças para continuar seguindo firme e com propósito. Era o sinal de que o tempo de descanso estava acabando e que precisava recomeçar minha vida e meus sonhos na cidade sem praia. Assim foi por muito tempo. Me recordo que a primeira vez que não passei um carnaval no Rio foi com 15 anos e eu simplesmente flertei pela primeira vez na vida com a sensação de depressão. Aqui em Brasília já é difícil ficar durante o ano, imagina então no carnaval. 

Hoje em dia, nos meus últimos 8 anos acostumei-me com a possibilidade remota de passar o carnaval no Rio, devido ao trabalho e devido à idade e responsabilidades que se assume com o tempo. Nos últimos 3 anos passei aqui e simplesmente me trancafiei em casa. Quando via ou ouvia algo sobre os desfiles de escola de samba ou algo assim, batia uma tristeza complicada de explicar. Uma nostalgia misturada com desânimo e uma intolerância com qualquer demonstração de felicidade de qualquer pessoa na época de carnaval em Brasília.



Mas não escrevo isso para registrar aqui minha história de vida. Escrevo para mostrar como somos passíveis de mudança. Este ano dentro da minha programação já estava a ideia de não viajar, de utilizar o carnaval para descanso e para reciclagem de ideias. E cá estou eu: aparentando pela primeira vez na minha vida estar tranquilo, feliz pela cidade estar vazia, podendo ser melhor aproveitada e tentando consumir essas horas de tranquilidade para projetar melhor o ano de 2013 que promete muitos acontecimentos. 

É bem complicado ficar mais de um ano sem viver essa cena.


Apesar da saudade absurda de viver o que sempre vivi nessa época, é impressionante como somos capazes de mudar. Esse lance de ficar mais velho nos faz ter uma capacidade melhor de olhar sob diversos pontos de vista, pesar situações e tomar decisões. Enquanto escrevo sei que começaram os desfiles, sinto falta da praia, do ambiente do Rio, das pessoas e como elas se comportam, de viver uma vida mais intensa e despreocupada e sinto falta da família que vive lá. Chego a quase balançar como antigamente, mas aí vem aquela dita "maturidade" que me mostra outros caminhos, possibilidades e que sofrer e se chatear não vale a pena. Só vale a pena viver a vida acreditando que o melhor é o agora. 

Então vamos nessa. Aos poucos vou me soltando por aqui e contando minhas teorias sobre a vida. 

As ideias têm vindo com força. Só falta me programar pra postar mais.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Começando a escrever



A primeira vez que tive vontade de escrever de maneira espontânea foi por volta dos 12 anos. Eu começara a sentir vontade de deixar registrado em algum lugar meus pensamentos e minhas dúvidas sobre tudo o que vivia. Na escola era obrigado a ter um diário para treinar a escrita e eu desde cedo sempre quis ser do contra. Fazia de uma má vontade incrível, pois segundo minha visão não seria um espaço privativo, já que a professora leria alguns dias nossas produções e eu perderia a minha privacidade na escrita. Não queria descrever como foi meu dia, queria escrever sobre o que pensava das pessoas, da minha vontade recorrente de morar no Rio de Janeiro, queria falar de como era puto com "decorebas" na escola e por quantas meninas eu era apaixonado e queria me declarar.  Enfim, perdi uma grande oportunidade desde aquela época. 

Por volta dos 18 anos comecei a escrever algumas notas antes de viver momentos importantes. Antes de me declarar para alguma "paixonite", antes de prestar vestibular e sempre que voltava de férias do Rio para Brasília. A partir dos 20 anos os escritos aumentaram. Com um turbilhão de informações em meio à entrada no campo profissional, escrevia sobre os sonhos na carreira, as dúvidas entre namorar e comprar uma bicicleta e questionava as relações, os comportamentos das pessoas em geral.

Aos 25, após ler uma série de blogs de outras pessoas que relatavam seus inconformismos com a vida e  dividiam seus pensamentos soltos, montei um blog. Escrevia e não divulgava a ninguém. Queria apenas testar  como era escrever de forma descompromissada e arquivar aquilo em memórias. Um ano mais tarde comecei a escrever para as pessoas lerem. Era uma escrita de um personagem que tinha muito de mim. Fazia uma escrita ranzinza, intolerante com muita coisa. A escrita era muitas vezes ácida e os palavrões preenchiam as minhas revoltas com muita coisa que não concordava do dia a dia. Me divertia com as produções.

Mas com o tempo perdi o tesão de escrever assim. Me incomodei por ser um personagem do que eu, notei que estava preso num estilo de escrita e eu mesmo já havia mudado como pessoa em muita coisa do que havia escrito. Dei um tempo, tentei voltar, mas já não era a mesma coisa. E como a escrita pra minha pessoa sempre foi uma questão de buscar prazer e ser espontâneo, deixei a vontade de voltar a escrever me contaminar até que chegou o momento de criar esse espaço para me reinventar.

Não sou escritor, não domino completamente as boas regras da língua portuguesa e não tenho a intenção de fazer as melhores e mais sensatas avaliações sobre a vida. Quero apenas escrever sobre o que penso de muita coisa que vejo. Hoje, beirando os 34 anos, sinto aquela vontade dos meus 12 anos de deixar meus registros, de questionar as situações do dia a dia e de por à prova o que acredito com o que vivo.

Existe uma frase que eu gosto bastante de Immanuel Kant que diz: "Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar."

Quero desafiar minha inteligência por aqui e dividir as incertezas, que antes me incomodavam e que hoje me dão a confirmação de que são elas que me motivam a tentar ser melhor.

É mais um início, mais um ciclo, mais um desafio, mais uma incerteza sendo criada.

Quero ver o quanto suportarei essa e por quanto tempo. Valendo a partir de agora...


RL