domingo, 4 de outubro de 2015

Eu menti e não havia percebido

Acabo de ler meu último post (este aqui abaixo) e simplesmente percebo como tem sido um ano de aprendizado. E esse aprendizado tem vindo diretamente dos meus erros. Erros cometidos na vontade de tentar acertar. Digo isso porque li esse texto de junho deste ano e posso tirar uma grande certeza dele. Não concordo com porra nenhuma da ideia que quis passar no texto. Lendo com calma chego até a não me reconhecer na escrita. Mas isso faz sentido pra mim agora. Não me reconhecer neste texto tem sentido, pois tem duas semanas em que decidi aceitar que não estou bem. E eu não consegui aceitar isso logo após o fim da competição que eu lutei anos para alcançar. 

Olho pro texto e vejo um Rodrigo tentando mostrar maturidade, discorrendo sobre continuar firme, sobre dúvidas que aparecem, mas que após refletir devemos seguir nossos caminhos. Porra nenhuma! Esse é o velho e bom Rodrigo. Aquele criado com aquela pose de bom filho, correto, educado e que não pode causar controvérsia e caos. Um Rodrigo que sempre lutei pra modificar, mas que vez ou outra ele aparece. Mas como disse, faz sentido pra mim, pois o golpe que tomei foi forte. E após o golpe, após o fracasso, fiquei encostado, sem ter com quem conversar para poder avaliar como foi a travessia. E isso, você que corajosamente vem aqui ler estes escritos sem nexo, isso doeu demais. Não bastasse a pancada de o trabalho não ter vingado como imaginava, ter sido encostado, colocado de lado e sequer ter tido uma chance de conversar sobre tudo. Isso machucou profundamente. Foi tão fundo que fez eu me transformar neste "bom garoto", tentando mostrar maturidade, dizendo repetidas vezes aos amigos que aprendeu muito sobre a experiência. Ora bolas, é lógico que aprendi muito e aprenderia de qualquer maneira, pois me acho humilde o suficiente pra saber que não sei tudo e que estou em plena formação. Mas assumir uma posição de maturidade, tentando engolir o choro que ainda não foi chorado até hoje de uma forte dor em que deixou fortes marcas não só de aprendizado, mas também de inconformação, raiva de não ter dito o que achava que tinha de ser dito e sentir-se isolado, pois você havia saído de "moda", isso foi foda demais.

E escolhi o caminho errado. Além de pregar maturidade e serenidade com o ocorrido, tentei seguir a vida normalmente como sempre fui. O trabalhador dedicado que gosta de fazer muitas coisas. Mas como seguir como sempre fui se essa experiência me alterou completamente? Bom, como diz uma frase que gosto muito: "Se você faz o que sempre fez, irá chegar onde sempre chegou". E eu não quero mais chegar onde sempre cheguei. Só que não tive coragem de assumir isso. Eu quero mais! Eu descobri o que quero pra minha vida. E o mundo a nossa volta nos diz para não gritar isso, pois por ser difícil você deve se contentar com outras tantas habilidades e qualidades que você tem. É claro que isso ia ter uma revolução interna em mim em algum momento. E não deu outra.

Fazem duas semanas que o pico chegou. Um surto em um sábado questionando tudo, achando tudo uma merda, fora de nexo e sem sentido. Culpas vindo como se caíssem em cascatas sobre minhas costas, e o cenário estava pronto. Eu ia estourar em algum momento. Era chegada a hora. Tem duas semanas que percebi um erro. Eu me enganei. Eu me consolei errado. Tentei seguir o plano padrão de todo mundo, mostrando conformidade. Logo eu, que gosto de não me conformar com tudo. Por isso, me isolei, me afastei das pessoas e tomei coragem. Pedi ajuda a profissionais da minha confiança. Pessoas que pudessem tentar me ajudar a desamarrar os nós de um novelo já muito bem embolado como faço com propriedade em muitas vezes na minha vida.

Mas desta vez sinto algo diferente. Pois não quero mais nada embolado. Está tudo muito claro em minha mente. Eu sei o que quero pra minha vida. E é atrás disso que irei. Foda-se o resto. Vou atrás e pago pra ver até onde ir. É foda assumir isso. Dá medo. Mas vou atrás de me realizar profissionalmente. Hoje tenho a certeza de que esse deslize que cometi no meio do ano de achar que estava tudo bem, pode ter sido a grande chance de eu realmente me enrolar até um ponto em que fosse estourar e ter de tomar uma decisão de mudança. Portanto, chegou a hora. Estou contando os dias pra cumprir meus contratos, ser profissional até o último dia, seguindo até meu último compromisso. Feito isso, será hora de seguir em frente atrás do que quero.

E mais a frente posso sim começar a avaliar o que vai ser dali pra frente. Não é papo de apenas fazer o que se gosta. Não é papo de fazer o que o coração manda. O que importa aqui e que estou querendo dizer é de fazer o que acredita que tem de ser feito. O que tem a ver comigo, com minhas ambições de lá atrás quando garoto. E por mais que o futuro pareça nebuloso e inseguro, as oportunidades estão aí na frente.

Por enquanto, estou me dando a chance de me cuidar. Tenho tentado me desacelerar, não me jogar compromissos demais, marquei todos os exames possíveis para me avaliar e entender como estou, e logo após isso é me cuidar e manter o plano de ação. Mudar! Mudar de vida, de perspectiva e passar de fase. Estou vivendo um dia de cada vez até ter a chance de começar de novo. Até lá, aproveito pra me cuidar, pra aprender mais sobre mim e pra deixar claro que não posso mais me enganar.

Aproveito também pra sentir forte essa decepção que tentei engolir, tento chorar pra descarregar. Mas acima de tudo tento não procurar culpados. Posso estar vivendo o presente do qual mais vou ser agradecido no futuro. Hoje chamado de talvez um dos momentos mais difíceis da minha vida. No futuro poderá ser lembrado como o ponto da virada. É trabalhar pra ter a chance de afirmar isso um dia.  

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Mais um passo



"Estou numa fase feliz da minha vida. Apesar de saber cada vez mais que preciso melhorar em diversas questões, consigo aproveitar muito mais o que há de bom em mim. E posso afirmar categoricamente: se curtir, valorizar quem é você é, com todas as suas peculiaridades, características quem tem a ver com sua história de, é algo muito gostoso de se fazer. Curtir-se não é acomodar-se. É querer mais, mas aproveitar a travessia nessa vida, pois o principal não é o fim e sim o caminho que se percorre até "chegar lá". Não sei até quando vai durar essa fase, não sei se é uma nova forma de me comportar e encarar a vida. Sei muito pouco sobre isso tudo e ando querendo saber menos ainda. O que quero mesmo é ter a chance de testar-me, arriscar-me sabendo que dali em diante, já não serei mais o mesmo, pois serei fruto daquela experiência que fará dali em diante parte de mim. Pra uma pessoa que foi medrosa por muitos anos e que por décadas preocupou-se em como seus atos poderiam parecer aos outros, tenho a certeza que estou atualmente diante da fase mais espetacular da minha vida. Onde todas as experiências vividas, boas ou ruins, vão diretamente para o meu acervo pessoal de aprendizado. Que esta fase continua me ensinando e me guiando para experiências futuras cada vez mais engrandecedoras."


Escrevi esse texto no meu bloco de notas do celular no dia 10 de janeiro de 2015. Naquela época eu vivia uma correria insana na minha vida, lutava para um projeto pessoal de anos dar certo e não sabia ao certo o que era não estar com a mente totalmente ocupada de preocupações, dúvidas e incertezas sobre se estava dando certo toda a dedicação ou não. Me deparei com esse texto recentemente e até dei risada, pois em um momento tão decisivo na minha área profissional, eu havia conseguido tirar uns minutos pra dizer à minha própria pessoa de que estava feliz. Isso de alguma forma me enche de orgulho. Saber que felicidade não é ausência de sofrimento, dúvidas e que é um estado de perceber que você está no melhor momento da sua vida. Agora. 


Pois bem, a vida passou com muitas mudanças nesses últimos meses e de momentos sensacionais que vivi recentemente na minha profissão, fui colocado em uma situação de desconforto total e não realização. Não consegui, nem de perto, atingir as metas que acreditei serem alcançáveis para este ano. Passei longe. E hoje, muito mais racional, cerebral com todos os acontecimentos vividos e fazendo uso da emoção de maneira positiva, vejo o tanto de aprendizado que essa experiência me gerou. Se pudesse, não optaria por ela, mas não tenho dúvidas de que essa fase, me ensinou e tem me ensinado diariamente muito mais do que todas as vitórias, conquistas e realizações que tive. 

Estar por baixo, não obter sucesso. Todos aqueles tapinhas nas costas, falas de pessoas que acham que é só acreditar que vai dar certo, dizendo que você é o cara, que você é vencedor e que tudo vai se sair bem, silenciaram-se. Silenciaram-se diante da natureza do fracasso. O fracasso que emudece seus sonhos e que por um momento te faz questionar tudo, simplesmente tudo o que já foi vivido. 




"Era pra ter ido por esse caminho mesmo? Essa era mesmo a escolha que fez pra sua vida?"

O insucesso tem esse poder intenso e absoluto de te fazer revirar nas suas entranhas suas escolhas mais íntimas. Te faz lembrar daquele momento em que você conversou apenas com você sobre pequenas mas importantes decisões: "É isso que quero pra mim, mesmo que precise de anos pra conseguir algo?"

Fracassar em suas metas te faz olhar por dentro, questionar suas certezas e simplesmente se dar uma chance de virar o sentido que deu a sua vida para outro caminho. 

"É isso mesmo que continuo querendo?"


E em certos momentos, fazer-se esse questionamento é enriquecedor. Pois nos ensinaram que uma vez escolhido seu caminho, você deveria ir firme até o fim. E hoje em dia acho isso sinceramente uma baita de uma mentira. Você pode escolher o caminho que quiser. Se em algum momento descobrir que o que estava fazendo não mais te realiza, não mais lhe pertence ou que não tem mais sentido com suas ambições, dê meia volta e recomece. Posso dizer que desde o dia 11 de abril deste ano, o que fiz por estes dois meses foi me perguntar isso. Fazer uma "operação pente fino" na minha vida pessoal e tentar descobrir por que é que vim parar aqui.

Feito isso, passando por momentos de imensa dúvida, de incertezas que aparecem pra te fazer acreditar que você não estava no caminho certo, saio desses meses de "auto investigação" com uma certeza: Se quero alguma coisa no meio em que escolhi, preciso ser mais decidido, mais firme e mais direto do que já fui até agora.

Não foi fácil chegar a essa conclusão. Mas depois de um bom tempo avaliando tudo, vejo que o que tenho de fazer é mais simples do que parece. Começar tudo de novo, com mais força e agora com mais experiência adquirida. É planejar-se, colocar no papel as metas, refazer um calendário que almejava por conquistas mais próximas e aceitar que o recomeçar é usar um pouco de tudo que já viveu, mas ao mesmo tempo estar pronto pro novo, pro que (ainda) não se sabe e  juntar esses dois contextos em um novo comportamento. Mais preciso, mais maduro e tentando entender que é preciso manter-se humilde pra passar por cima das barreiras que possam existir sem querer "vingar-se" de nada.

E é nesse momento, em que tenho a certeza de que preciso ir com mais força e gana ainda, que lembro do texto escrito no início do ano e que abre este post. Preciso aproveitar a travessia e fazer destes grandes altos e baixos o grande barato de tudo. Isso pra mim é a verdadeira sensação de felicidade. Não saber como vai ser, temer, falhar, arriscar-se e ver que você agora já não é mais o mesmo de tempos atrás.

É lutar diariamente contra as vozes que querem te fazer desistir de tudo e perceber que a dificuldade e não realização que enfrentou foi apenas mais um passo em direção ao caminho que almeja. É seguir em frente e começar de novo. Parece difícil, mexe com o ego, mas é o que decidi que é o certo e o que devo fazer.

Estou pronto pra correr atrás.