domingo, 2 de março de 2014

Seguindo em frente


Ontem saí com dois grandes amigos. Em um futuro próximo escreverei sobre a relação que tenho com meus amigos e como enxergo amizade na minha vida. Mas enfim, eram amigos que me conheciam profundamente, que passam por seus momentos marcantes, assim como eu. Cúmplices de vida mesmo, que dividem tudo, do melhor e do pior. Em comum, a nossa paixão pelo nosso trabalho, por fazer dele uma extensão de nossas vidas e por estarmos, os três, chegando à casa dos 35 anos. 


Conversando com eles, falando besteiras, coisas sérias, desabafos despretensiosos que tornam-se histórias marcantes, perguntei como eles enxergavam a sequência deles. Perguntei se sentiam-se mais velhos mesmo como pensávamos que seríamos com essa idade quando tínhamos 19 anos. Se ainda enxergavam janelas de oportunidades e crescimento pessoal em suas vidas. E a resposta veio como eu bem esperava por bem conhecê-los: 

"Rodrigo, ainda sinto como se estivesse começando, tem muito a vir pela frente pra aprender e viver."

Isso é basicamente o que eu tenho mais achado incrível na minha vida. É impressionante como a nossa cultura nos faz acreditar que quando crianças somos mini adultos, quando adolescentes somos categoria de base de ser humano e que quando passamos dos vinte e poucos anos, já temos de ter feito nossas escolhas pro resto de nossas vidas. 

Depois de umas férias que me dei de presente de vida, um mês na praia, repensando muita coisa. Depois de pedir demissão de um trabalho que era extensão da minha vida e decidir recomeçar, tenho vivido um ano incrível. Tenho sentido vontade de me arriscar mais. Tenho voltado a me divertir mais, ser mais direto e assertivo com as pessoas, passei a olhar mais nos olhos e passei a fazer essencialmente as coisas que me dão vontade e que acredito que não posso adiar. 

Mas o mais incrível de tudo, o que tem me feito me revirar na cama e acordar empolgado pra ver o que vai acontecer, tem sido a vontade de aprender. A vontade de continuar me desenvolvendo. Já são alguns anos me reprogramando e me permitindo deixar pra trás pesos, tralhas emocionais que te ensinam a carregar consigo e que não servem pra nada. Trabalho com área de aprendizagem e sempre em minha vida profissional preguei que meus alunos tivessem uma melhor relação com o tempo. Que o tempo que dizem a eles pra aprender não é padrão. Que esse tempo é curto demais. Que pra aprender e se desenvolver leva tempo, entrega, persistência e dedicação. Pois bem, estou tentando praticar comigo mesmo meus estudos e agora um tempo depois(tempo maior do que eu imaginava) tenho percebido como vamos alterando e melhorando nossas habilidades.

Tenho feito um esforço incrível pra tentar deixar de ser um pouco menos crítico. Tenho tentado ouvir mais, tentado entender que a verdade que funciona pra mim não é a mesma que existe pra outros. E tenho me permitido ser mais feliz. Tenho encontrado mais meus amigos, tenho dançado até sair ensopado de suor, tenho cantado mais as músicas que gosto. E me sinto cada vez mais disposto a ser alguém melhor pra mim mesmo percebendo que ainda falta muito a ser feito. 

Perceber que ainda há muito o que fazer, que minhas dificuldades e limitações são as minhas preciosas janelas de aprendizagem tem me feito bem. As vezes sinto que sou um outro Rodrigo(ou Leonardo). Ou tenho certeza. E só sou esse agora graças ao que vivi lá atrás e que me dei a chance de reavaliar, sem pensar que seria assim pra sempre. Aos acertos, as más escolhas que me fizeram aprender. Ao tempo perdido que gerou lamento e à dedicação que hoje parece que aos pouquinhos vai me dando melhores oportunidades, pequenas, mas melhores e que talvez não viessem nunca se eu tivesse ouvido alguns que me diziam que não valia a pena fazer isso. 

Houve uma época que cheguei a me sentir mal por me sentir feliz. Estranho não? Mas quase como um peso por estar se sentindo bem e acreditando no que faz. É assim que nos ensinam. Nascemos com culpa, nascemos com pecado, estamos sempre sendo estimulados a olhar pelo que nos falta, pelo que não temos e somos pouquíssimo estimulados a ver o que somos, ao que atingimos, a quem ainda podemos nos tornar. 

Não quero perder tempo. 35 anos é uma idade sensacional. Recomendo vivenciar isso quem puder. Experimente! E que o futuro possa ser uma boa história vivida e construída pelo meu presente, sem ficar olhando demais e me escorando no passado.